sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Literatura: livro Madame Bovary (1857) – Gustave Flaubert


Charles Bovary, incentivado por sua mãe, foi iniciado nos estudos aos doze anos de idade. As aulas que tinha eram esparsas, só de vez em quando, dadas pelo padre-cura. Mas como seus pais achavam isso insuficiente, ele foi enviado a um colégio de Ruão, que ficava na altura da feira de Saint-Romain. Ao fim do 3ºano, seus pais o retiraram do colégio, para que estudasse medicina, pois acreditavam que ele poderia chegar sem auxílio ao bacharelato.
Foi morar só, e dedicava-se aos estudos. Isto até certo momento, pois depois relaxou, faltando a algumas aulas e deu-se também a conhecer os prazeres da noite, na taberna. Por isso, no primeiro exame que fez foi reprovado. Mas voltou a dedicar-se e finalmente passou no teste, estava assim autorizado ao exercício da medicina. Depois, Charles foi para Tostes, onde poderia exercer a profissão, visto que lá havia um médico idoso e pensava-se que não demoraria muito a falecer.
A sua mãe, além de tê-lo criado, o fez estudar medicina, sugeriu a cidade para que praticasse a profissão, ainda queria encontrar uma mulher para ele. E não se demorou a providenciar. A escolhida por ela foi a Senhora Héloise Dubuc, de 45 anos de idade, viúva e de bons rendimentos. E com ela Charles casou-se, a fim de conseguir melhor condição de vida, imaginando liberdade e contar com a sua pessoa e seu dinheiro.
Em certa ocasião, Charles teve que ir a fazenda de Bertaux Rouault, pois este estava com um problema, uma fratura na perna. Nessa ocasião o médico acabou conhecendo uma jovem chamada Emma, sobrinha do paciente. Com o sucesso da resolução do problema da perna de Rouault, Charles pôs-se a ir várias vezes a sua casa, ocasião em que aproveitava para ver Emma, por quem acabou se interessando.
Emma foi educada num convento, por Irmãs Ursulinas. De educação primorosa ela sabia dança, geografia, desenho, fazia tapeçaria e tocava piano. Charles em certo período cansou-se e deixou de ir aos Bertaux. A esposa de Charles, que vivia adoentada, acabou recebendo mais um golpe, o seu depositário de fundos fugiu com todo o dinheiro de seu cartório. Depois disso passou-se oito dias, Helóise morreu. Com ela, o médico viveu 14 meses.
Charles voltou a frequentar os Bertaux, isso já não fazia há cinco meses. Depois de muitas conversações, Charles pediu Emma em casamento. O seu tio consentiu o casório e assim foi feito. Agora Emma era a Senhora (Madame) Bovary. O médico vivia radiante de felicidade, o mesmo não acontecia com Emma, que antes de casar achava sentir amor, mas a felicidade não aparecera. E ela procurava saber o que se entendia nesta vida sobre felicidade paixão e êxtase que, nos livros, se mostravam a ela tão belos.
Emma foi se entediando com a monotonia, habitualidades. Chegando mesmo a perguntar: “Oh meu Deus! Mas porque me casei eu?. Não via em Charles, o homem que desejava. Certa feita, uma novidade aconteceu, o casal Bovary foi convidado a visitar a casa do Marquês de Andervilliers, em Vaubyessard, para um baile.
Emma estava encantada com aquele outro mundo, o da riqueza palácio, pessoas distintas, com vestimentas pomposas, ambiente agradável, comida requintada. O seu mundo dos sonhos. A senhora Bovary, mesmo sem saber valsar, dançou com o Visconde. Quando foram de volta a Tostes, por vários dias, Emma continuava a lembra-se daqueles momentos que passara e a lamentar não poder vivê-los continuamente.
Na volta, Emma despediu Nastasie e contratou a jovem Félicité de catorze anos, para os serviços domésticos. Charles estava com a carreira estabelecida. Mas não era o suficiente, Emma queria que o nome Bovary fosse ilustre e estivesse nas prateleiras dos livreiros, nos jornais, conhecido em toda a França. Contudo Charles não ambicionava isso.
Emma abandonou a música. Guardou no armário, deixando de lado, a costura e o desenho. Mudou, agia com extravagância, cheia de caprichos. Continuava a lembra-se saudosamente do baile. Pouco depois ela ficou doente, empalideceu e tinha palpitações. Como ela reclamava da cidade de Tostes, onde moravam, Charles teve a idéia de que se eles fossem embora dali, ela teria melhoras, muito embora isso custasse muito ao médico, porque ali se estabelecera já há quatro anos. Mas como perbera que era uma doença nervosa, a mudança era necessária.
O casal então se mudou no mês de março, para um povoado em Yonville. Quando fizeram essa viagem, Emma estava grávida. Na nova cidade conheceram novas pessoas. Dente elas: Homais - o farmacêutico, Guillaumin – tabelião (advogado), Léon- escriturário de Guillaumin, Bournisien - padre, Justin - ajudante de Homais, Lheureux – comerciante.
Com este último, a senhora Bovary teve muitas afinidades: ambos gostavam de literatura, música, pintura. Quanto à gravidez, Emma desejava ter um menino, mas o seu desejo não foi atendido, teve uma menina, e a chamaram de Berthe. Emma continuava a encontrar-se com Léon, eles tinham até uma associação, trocavam livros e romances. Mas, disso, Charles não se admirava, ele era pouco ciumento.
Emma e Léon pensavam um no outro, estavam apaixonados. Contudo, Léon não tinha coragem de declara-se. Pouco tempo depois, ela mudou, tomou peito do governo da casa, passou a frequentar regularmente a igreja e retirou Berthe da ama de leite. Léon a viu inacessível e abandonou a esperança. Este, cansado de amar sem resultado, decide ir à Paris, para terminar seu curso de direito. Emma esteve triste, mas aos poucos as chamas aplacaram-se. Com a tristeza, ela esteve adoentada novamente, desmaiava, chegando até a escarrar sangue. Charles preocupou-se, mas ela não queria tratamento. Por sugestão da mãe Charles, proibiu-se que ela lê-se romances.
Algum tempo depois, chegou a Yonville Rodolphe Boulanger, que comprou uma herdade próxima dali e trazia um camponês a ser tratado (sangrado) por Charles. Nessa ocasião conheceu a senhora Bovary. Rodolphe tinha 34 anos, muito experiente com mulheres e já saíra dali pensando em como seria seus encontros com a esposa de Charles, que julgava ser (este) pouco para ela, e conjecturava que ela devia ter enjoado dele já há algum tempo.
Emma e Rodolphe caminham juntos, conversavam bastante. Na ocasião, haveria comícios na cidade, e aproveitando os discursos estavam juntos assistindo as solenidades na Câmara. Depois disso, ele a levou até a sua casa. Seis semanas depois Rodolphe apareceu novamente, no dia seguinte ao dos comícios ele pensara ser um erro aparecer tão cedo. Mas decidiu continuar e quando voltou viu que acertara, pois Emma empalideceu em sua presença.
Rodolphe fala a Emma palavras que esta nunca havia ouvido, palavras doces, e que a amava. Numa dessas, ele estava na casa dos Bovary e Charles chegou, como despiste, inventou que Emma comentava da sua doença e que a ela sugeria, para sua melhora, que andasse a cavalo. O médico viu isso com bons olhos, de início Emma recusa, mas pela insistência acaba aceitando. As aulas seriam dadas por Rodolphe. Eis a oportunidade que ele esporava. Durante a cavalgada no bosque, Rodolphe fala a Emma de seu amor, mas a senhora fala da impossibilidade, quis ir embora, mas o homem a pegou pelo pulso, e ela entregou-se. Depois disso, ela pôs-se a pensar: tenho um amante! tenho um amante!
No dia seguinte, fizeram juramentos um ao outro. Passaram a escrever-se um ao outro, todas as noites. Emma passou a frequentar sua casa, sempre que Charles saía de casa, ela corria para Rodolphe. Eram encontros arriscados. O adultério já chegava a seis meses de duração, eles já se encontravam como duas pessoas casadas. Mas em certo momento Emma faltou a três encontros, ela se arrependera!
Percebeu uma ocasião de ver em Charles algo de bom, quando, por sua sugestão, operasse o pé de Hippolyte. Ela o incentivou bastante. O médico fez o procedimento e, em principio, foi bem sucedido, com isso o fato ganhou um artigo feito por Homais, e publicado num jornal. Mas cinco dias depois, Hippolyte teve problemas com a máquina que o médico lhe propora, sofreu dores no membro e por fim gangrena. Outro médico, Doutor Canivet, amputou a perna de Hippolyte. Charles passou dias em casa, envergonhado. Emma e Rodolphe continuam a traição.
Emma pensa que sofre há quatro anos, todo o tempo de seu casamento. Agora trama com Rodolphe uma fuga. Adiaram algumas vezes, mas finalmente marcaram a data. Tudo foi planejado, levariam sua filha Berthe. Despedem-se na véspera. Mas Rodolphe se arrepende de combinar a fuga, e enquanto olha cartas de outras mulheres, ele escreve uma a Emma, justificando a desistência e dizendo que iria embora.
Com isso, a senhora Bovary ficou abalada e quase se suicidou, jogando-se do sótão. Mas, antes que caísse, Charles a chamou. Ela teve um desmaio, quando reconheceu Rodolphe que passou rapidamente na rua, ele teve que passar por ali para ir à Ruão. Quando Emma acordou ficou se perguntando pela carta. Durante 43 dias, Charles cuidou dela, inclusive chamou outros médicos. Ela não falava, estava abatida. Em certo momento melhorou, e novamente piorou. Mais um agravante, Charles tinha problemas financeiros. Com certo restabelecimento de Emma, foram ver uma peça teatral. Nessa ocasião encontraram Léon. Saíram da peça antes do final, e conversaram os três. Surge a proposta de que Emma ficasse ali para ver novamente a peça.
Emma agora tinha encontros com Léon. Quando Emma retornou a Yonville, havia a notícia da morte do pai de Charles. Uma situação lhe dava oportunidade de ir a Ruão, ter com Léon, a fim de resolver questões relativas a letras, contas com Lheureux. Era a lua- de- mel com Léon. A senhora Bovary insinua ao marido estar “enferrujada” quanto à música, e propõe ter aulas de piano, eis o pretexto de ir uma vez por semana à Ruão, ver Léon. Eles encontravam-se toda quinta, num hotel.
Contudo, numa dessas, o Senhor Lheureux os viu saindo do hotel de braços dados. Ela apavorou-se. O homem pediu dinheiro, bens. Ela teve que vender uma propriedade. Houve certa confusão. Mas continuavam os encontros. Emma estava extravagante, uma vez nem voltou para casa. Charles foi atrás dela e achou-a. Uma carta anônima chegou à mãe de Léon, alertando que este se envolvia com mulher comprometida. O patrão de Léon aconselhou-o a sai desse “caso”.
Uma vez que ela voltou para casa, havia uma sentença. Teria que pagar 8 mil francos em 24 horas. Gastara demais, e renegociou dívidas que foram crescendo em longo prazo. Ela estava agora nas mãos do comerciante Lheureux. Três homens vieram executar a penhora. Surgiu o anúncio público, dizendo que todo o mobiliário da casa estava à venda. Viu-se aperreada por tentar conseguir a quantia. Visitou o doutor Guillaumin, depois foi atrás de Rodolphe, já fazia três anos que este a evitava. Ambos negaram ajuda, mesmo porque não tinham a quantia.
A senhora Bovary vê-se em apuros. Então sobe, na farmácia, até a sala chamada “Cafarnaum”, mesmo a contragosto de Justin (ajudante do farmacêutico). Lá, ela dizia que precisava matar ratos, e comeu um pó branco, de um frasco azul. Emma chegou em casa, onde Charles pediu explicações. Escreveu-lhe, então, uma carta, a ser lida no dia seguinte e disse para ele não lhe perguntar mais nada. Emma vomitou muitas vezes, teve gemidos e convulsões. Havia ingerido arsênico. Depois vomitou sangue. Ainda veio o professor Laviriére, um grande médico filósofo de respaldo. Não foi suficiente, Emma deixara de existir.
A não causar transtornos à sociedade, disseram que ela “tomara arsênico confundindo com açúcar”. Daí em diante os preparativos para o enterro. Veio a mãe de Charles e depois o tio de Emma, Rouault. Após o enterro viu-se que Rodolphe e Léon, que foram seus amantes, dormiam, mas não Justin, que chorava na sua sepultura.
Charles continuava a ter problema de dinheiro. As contas continuavam a chegar. A empregada (Félicité) foi embora com Theodore. A viúva Dupuis, avisou a Charles sobre o casamento de seu filho Léon. Numa dessas Charles vai ao sótão, e encontra a carta que Rodolphe escrevera a Emma (na ocasião se desculpando por não fugir com ela). Achou estranho um R, que viu na segunda página, lembrou-se de Rodolphe e do seu repentino desaparecimento, mas pensou ter sido um amor platônico, e o ciúme perdeu-se na imensidão da sua dor.
Enquanto isso, a casa dos Bovary recebia cada vez menos visitas. Justin fugiu para Ruão. O Senhor Homais, via-se em discussão com um cego que o difamava por tê-lo prometido cura e ter falhado. Tratou de escrever artigos, criticando os vagabundos. Por fim conseguiu que o cego fosse internado como louco num hospício. Homais queria títulos, pendeu para o poder, fez coisas para o prefeito nas eleições, deixou-se corromper. Charles abriu um compartimento na escrivaninha, encontrou as cartas de Léon à Emma, leu todas. Revirou tudo, encontrou uma caixa, a arrombou e encontrou as cartas e o retrato de Rodolphe.
Charles não mais saía de casa, não recebia ninguém, se recusava a receber os doentes. Cultivava barba comprida, cobria-se com farrapos e chorava alto. Certo dia ele encontrou Rodolphe, foram beber cerveja num botequim, Bovary disse a Rodolphe: “já não lhe desejo mal! Foi culpa da fatalidade!”. No dia seguinte, Charles foi sentar-se no banco, e às sete horas sua filha Berthe foi chamá-lo para jantar (ela não o vira desde a tarde). Ele estava morto.
Trinta e seis horas depois fizeram a autópsia em Charles, não encontraram nada. Vendeu-se tudo, o que restou foram 12 francos e 75 cêntimos, suficientes apenas para pagar a viagem de Berthe à casa da avó. Esta morreu no mesmo ano, e o avô Rouault estava paralítico. Uma tia se encarregou de tomar conta dela, mas como era pobre, manda a pequena trabalhar numa fábrica de fiação para ganhar a vida.
Após a morte de Charles Bovary, três médicos passaram por Yonville, mas não puderam ficar lá, devidos os ataques que sofriam da parte de Homais. Pois as autoridades o tratam com deferência, respeito, e a opinião pública o protege. Ele acaba de receber a Legião da Honra.

********************
Uma bela obra. Fiz esse resumo para atender um pedido: especial de uma pessoa mais-que-especial! espero ter ajudado. E o post aqui pode também ajudar alguém, quem sabe futuramente que precise do bendito resumo...só não esqueça de citar a fonte rs...e o mais importante: ler o livro! valews

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Murchos Brazucas

Charge de Duke
Paraguai 2X0 Brasil, isso nos penalts.
É, é isso mesmo, nossos jogadores desperdiçaram nada mais nada menos que todas as quatro cobranças que executaram...
Diante disso só posso brincar...e pergunto: Qual o erro na frase "O brasileiro não sabe perder"? é simples: pq o brasileiro sabe perder, inclusive 4 pênalts...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vida Cultural


A luta política, nunca arrefecida, fez proliferar em Teresina o jornalismo.
Não havia na imprensa neutralidade política: escrevia-se a favor do governo ou contra ele. As descomposturas eram pesadas. Tal como hoje, não se respeitava autoridade.
Vejamos uma pequenina amostra de como eram os ataques pessoais na imprensa daqueles tempos. O “Propagador”, de 20 de novembro de 1858, traz o seguinte anúncio em negrito: Vende-se, por não se poder mais suportar, um negro velho de 50 a 60 anos, ainda robusto, alto, magro e algum tanto corcunda, pachola e cortês, com poucos mas sensíveis sinais de relho, que bem pode servir para cozinha, ou para tratar de cavalos, ou mesmo de quinta; advertindo-se, porém, que é bastante manhoso e que é vil e laça aquilo que pode...Quem o quiser contratar dirija-se a canavieiras, onde se poderá entender com seu próprio senhor”. Acontece, porém, que o vilaça de que fala o anúncio era nada mais nada menos que o Dr. Antônio Gomes Vilaça, Chefe de Polícia da Província naqueles dias...
Apareciam vez por outra na imprensa colaborações de interesse geral e até belíssimas páginas de real valor literário. Houve mesmo um louvável esforço de fixação de aspectos de nossa história. A Miguel Borges Leal Castelo Branco, por exemplo, deve-se uma série de artigos, verdadeiras biografias de piauienses ilustres, que muito auxiliarão os estudiosos de hoje na reconstituição histórica do passado. Merece especial menção a contribuição literária, variada e rica, de Clodoaldo Freitas à imprensa daquele tempo.
É quase inacreditável o número e variedade de jornais que se editaram na cidade naquela época, quando a arte tipográfica ainda não oferecia as facilidades de que hoje desfrutamos. Citemos os nomes de alguns paladinos da imprensa teresinense: Ordem, Propagador, Expectador, Liga e Progresso, Imprensa, Amigo do Povo, Semanário, Lábaro, Telefone, Época, Reforma, Revista Mensal, O Piauiense, O Operário, Luta, Tribuna, Falange, Trabalho, Estado do Piauí, Democracia, Gazeta do Comércio, primavera, Piauí, Legalidade, O Diário, O Telegrafista, Incentivo, União Postal, O Popular, Tribuna Operária, Murmúrio (2 números), Revista Piauiense, Estafeta, Notícia, República, O Povo, Bispado do Piauí. Sem contar jornaizinhos de estudantes.
Até 1882 não encontramos referências que nos possam assegurar da existência, em Teresina, de conjuntos musicais que se dedicassem ao canto orfeônico e à música instrumental. Parece que só se cultivava esta última nos quartéis e na escola dos Educandos. Um ou outro professor de música, às vezes, anunciava na imprensa que ensinaria em domicílio determinados instrumentos. Em 1866, Teresina recebeu a visita de um pianista alemão, o Sr.G.Helmold. Ele deu um concerto a uma sociedade escolhida, no salão nobre do sobrado do Sr.Dr.Almendra, no largo da Matriz, em noite de 17 de novembro daquele ano. Mas a assistência, apesar de escolhida, não agüentou o clássico e o pobre pianista teve que encerrar a récita tocando polcas, valsas e quadrilhas para que o seleto auditório dançasse uns pulados.
Conferências públicas eram coisa rara. Em 1866 a Câmara Municipal contratou o jornalista Davi Moreira Caldas para fazer uma série de conferências explicando ao povo o novo sistema métrico adotado pelo governo. Durante três meses, uma vez por semana, o jornalista pronunciou suas palestras, no salão da Câmara, a um número de assistentes cada vez mais reduzido a partir da segunda. E o orador era um espírito brilhante, que entendia do ofício. A primeira conferência pública estritamente literária que se pronunciou em Teresina foi a do Dr. Eugênio Teles da Silveira. Teve lugar a 20 de maio de 1877 e versou sobre o tema: “A mulher, seus direitos e seu destino social”. Durou uma hora e dez minutos e foi ouvida por mais de 300 pessoas. Apesar do brilhantismo com que se houve na primeira, o Dr.Silveira não conseguiu mais interessar o público nas demais conferências que ainda pronunciou na cidade.
Em fins de 1879 apareceu em Teresina o “Almanaque Piauiense”, para o ano de 1880. Foi impresso sob orientação de Miguel Borges; apresentava 300 páginas de texto, com leitura variada e interessante e farto material informativo; era vendido a 1$000 o exemplar na Livraria Econômica. Esta publicação subsistiu ainda durante alguns anos, mas não sobreviveu ao seu benemérito fundador.
Em 1874 foi fundada uma biblioteca pública, a “Biblioteca Popular”. Andou por seca e meca, ora instalada em dependência de um prédio público, ora noutra, até que se perdeu inteiramente por falta de quem zelasse por ela.
A partir de 1882 a situação cultural da cidade melhorou muito.
Além dos já existentes, foram fundados bons colégios para instruir e educar a mocidade, merecendo especial menção o Instituto de Karnak, o Colégio S.Vicente de Paula, o Colégio Nossa Senhora das Dores, o Colégio Nossa Senhora do Carmo, o Externato Santo Antônio, o Colégio São Luís, o Colégio Nossa Senhora da Soledade.
Em 1890 organizou-se na capital a “Lira Teresinense”, sociedade musical que dispunha de excelente orquestra. Era dirigida pelos jovens Agapito Alves de Barros, Leôncio Pereira de Araújo e Barnabé Pereira de Araújo. Dava concertos que eram mui apreciados, competindo com as bandas militares.
O gosto da boa música foi-se apurando de tal maneira que já em 1896 se podiam apresentar ao público concertos musicais escolhidos, como aquele que foi executado no “4 de Setembro” em noite de 2 de junho, e que constou de:
“1ª parte:
1) Belini – Norma –quinteto.
2) Carlos Gomes – II Guarany – para piano – por Mme.Maria José de Magalhães.
3) G.Burgmein – Tramway – para piano a 4 – por MIIe.Clotilde e Cristina Paz.
4) F. Camponesa – Non Posso vivere – arecta para canto com acompanhamento de piano – por MIIe.Adélia Paz e Mme.Magalhães.
5) Joaquim Chaves - Meus sonhos – dueto de flauta com acompanhamento de piano e violão, pelos jovens Américo Celestino, Tersandro Paz e alferes Vila-Nova.
6) G.Papini – Delirio Del cuore -  romanza para canto com acompanhamento de violino – por Mme. Magalhães, MIIe. Clotilde Paz e Artur Pereira.
2ª parte:
1) Pinsultt – Libro Santo –quinteto para todos concertantes.
2) C.Galos – Noturno para piano – por MIIe. Clotilde Paz.
3) Schubert -  Serenata – para canto com acompanhamento de piano – por Artur Pedreira e Mme.Maria José Magalhães.
4) F.Mule – Lacaceia – para piano a 4 – por Mme. Magalhães e MIIe. Clotilde Paz.
5) Braga – Serenata – para canto com acompanhamento de piano e violino – por Mme.Magalhães, MIIe.Clotilde Paz e Joaquim Chavez.
6) Flatw – Marta – dueto de violino e piano – por Artur Pereira e Mme.Magalhães”.
Também se apurou o gosto das letras e o respeito popular aos cultores das mesmas. A recepção que o povo de Teresina ofereceu a Coelho Neto em 1899 foi uma consagração e uma apoteose. Nunca ninguém antes dele tivera da cidade uma acolhida tão espontânea e entusiástica.
***************************
Fonte: CHAVES, Joaquim Raimundo Ferreira. Teresina, subsídios para a história do Piauí. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994. p. 59-62.
***********************
Monsenhor Chaves produz textos fáceis de se gostar, com relação a Teresina traz uma relevante contribuição histórica. Vez por outra postarei textos dele aqui.

Diários de Não-Motocicleta!



Viajante que se preze tem que fazer seu diário, anotações, impressões do que viu e ouviu nos locais por onde passou. Então vamos as minhas crônicas, claro, nada de extraordinário, que desperte atenção maior, como as de Luís Fernando Veríssimo ou as famosas Crônicas de Narnia, mas também tem sua valia.
A proposta da viagem era conhecer o Estado do Tocantins, mais especificamente a Vila Tocantins (situada próxima a divisa deste estado com o Pará) onde alguns parentes meus residem: primos, tio e tia.
Zarpei, digo, tomei rumo ao Tocantins no dia 08 de junho, pela tardinha. Fui junto com outro tio, embarcar no ônibus na cidade vizinha da nossa (mas já em terras Maranhenses), Timon que, segundo os gaiatos e piadistas, é uma extensão de minha Teresina-Pi.
Saímos por volta das 18:30 e dali em diante a longa viagem se estenderia até as 06:00 da manhã do dia seguinte, quando chegaríamos a cidade de Imperatriz-MA. Não que seja de relevância global, mas só pra situar, nessa noite o Vasco da Gama sagrou-se campeão da Copa do Brasil – nem sou vascaíno, diga-se de passagem!
De manhã em Imperatriz tomamos aquele velho cafezinho com um bolinho de goma, só para recarregar as baterias. Então fomos esperar um microônibus que nos levasse a Augustinópolis, esta, já no Tocantins. A chegada em Augustinópolis deu-se as 09:00, então mais um microônibus teríamos que pegar, desta vez iria até nosso destino final: A Vila Tocantins. Em Augustinópolis saboreei um dos pastéis mais recheados com queijo e carne que já vi e comi! E tudo ao custo de apenas 1 real!, este fato nos chocou tanto que não tivemos outra alternativa senão repetir a dose!
Finalmente chegamos à Vila, isso por volta do meio dia. A cidade, como qualquer outra de interior, mantêm o sossego e a calmaria. Estive na cidade por quase um mês, até sábado (02 de julho). Entre os fatos que marcaram a minha estada por lá, destaco (além das animadas partidas de futebol de salão na quadra aos domingos pela manhã) uma pescaria de um dia inteiro que fizemos num lago nas proximidades. Fomos os 3, eu e dois tios. Bem, como eu na água, ainda, sou um “peixe fora d’água” – não sei nadar, fiquei na beira e os dois foram lago a dentro numa canoa para fisgar peixes maiores.
Eles pegaram peixes de tamanho médio, eu, pescador de beira, peguei muitas piranhas e um Matrinchan!. O rango saiu meio de improviso, um tio tratou e salgou-os, eu fritei os peixes num óleo de coco (não confundir com azeite de coco) e o outro tio fez um arroz. Devorados com voracidade devido ao alto grau de fome, mas além de tudo o cardápio que se mostrou simples, estava com gosto primoroso!
Há! Falando em comida, por lá ainda se viam alguns frutos de Cupuaçu, mas o que estava em temporada era as laranjas e as, práticas de se degustar, tangerinas!
Os lagos tocantinenses são meio perigosos, pois neles habitam muitas enguias, “puraquê”- como chamam na localidade, peixes-elétricos - para uma mais clara compreensão. Todo cuidado é pouco, levar um choque já é uma má-aventurança ainda mais dentro d’água!
Viajar é muito bom, contudo bate aquela saudade. Eu já estava compreendendo na prática a “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, a saber “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”. E é isso ai, estou de volta a QuenteCap.
*************
gleistoned@hotmail.com

sábado, 11 de junho de 2011

3º Salão Medplan de Humor

Essa semana começou a terceira edição do Salão Medplan de Humor.
Este ano ele ocorreu dentro do SALIPI (Salão do livro do Piauí - em sua nona edição).
Como estou viajando, nem puder comparecer, fato que fiz ano passado.
Mas o cartunista jota a, que está a frente da organização do evento, divulgou os vencedores.
E eu reposto aqui...
Há, o tema da mostra competitiva foi o "consumismo".
                              (terceiro lugar) PRÊMIO INTERNET: Venes - palmeirópolis- TO


                               2º LUGAR: Dereck Bruno Lopes Teixeira - Teresina - PI


                                          1º LUGAR: Luiz Aberto da Silva - Londrina - PR


Agora o Salão deve viajar pelos mais variados locais da cidade, visto que é itinerante. Segundo o artista do traço, ano que vem tem mais...é aguardar!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Salão de Humor do Piauí - Nota de pesar

charge de Izânio Façanha
28ª edição do Salão de Humor do Piauí. Tudo ocorreu novamente sem alardes. 
Em seu blog o cartunista Izânio trascreveu um texto de autoria de Nayene Monteles intitulado "Chargistas afirmam estar decepcionados com Salão de Humor do Piauí".   
E eles tem motivos, muitos.
O desenho de Izânio diz tudo, o mapa piauiense deitado em forma de dentes, com a inscrição 28ª edição - demonstra um palhaço longe de estar satisfeito.
Não houve competição, no máximo repetição (usaram alguns desenhos do ano anterior).  
Vai melhorar, prometem os organizadores.
Quem viver verá! será?

****************
gleistoned@hotmail.com

sexta-feira, 13 de maio de 2011

História do Cotidiano

fotografia tirada pelo autor (no caso eu hehe!)


Na nossa congregação, nos últimos anos, foi bastante comum a realização de Maratonas. Essas maratonas funcionam como uma competição onde, de antemão, é escolhido um livro da Bíblia sobre o qual os participantes deverão estudar, pois serão submetidos a perguntas, e o vencedor será o que mais perguntas responder de maneira correta.
Quando estive frequentando a Casa Anísio Brito (Arquivo Público do Piauí) mechí e remexí nos jornais de décadas atrás a procura de fontes que servissem de base a construção de minha monografia. Embora focasse especifícamente nas charges e cartuns, vez ou outra, me atentava a outros fatos que saíam nas páginas dos jornais. Numa dessas me deparei com a notícia de uma maratona em Teresina.
Tratava-se não de uma competição, mas de uma “Maratona de leitura da Bíblia”. Segundo a matéria publicada no jornal O Dia (em 14/15 de dezembro de 1975, capa e p.8) a leitura da Bíblia realizou-se em 73 horas, numa organização conjunta das Igrejas Batista, Assembléia de Deus e Presbiteriana.
Para tanto,  12 equipes (cada uma composta por 12 pessoas) revezavam-se nas ininterruptas leituras, sendo que cada pessoa em média lia durante 10 minutos. A maratona foi realizada na Praça João Luís Ferreira.
O ínicio da maratona foi no dia 11 de dezembro de 1975, com o pontapé inicial dado por José Lopes dos Santos, secretário de Governo e o encerramento deu-se dia 14 e nessa ocasião , além de autoridades civis e militares, estava prevista a presença do então Governador, Dirceu Mendes Arcoverde. O Grande objetivo era
Levar as palavras de Cristo a todas as pessoas, principalmente aquelas que não têm condições de comprar o importante livro ou mesmo aqueles que estão indiferentes às pregações evangélicas (...) No local está havendo também, exposições de livros religiosos. (O DIA, 14-15/12 /1975).
Realmente uma bela e impactante iniciativa, e há de se pensar o quão é difícil organizar eventos até mesmo dentro da nossa própria congregação, o que dirá envolvendo distintas denominações. Ademais, o evangelho foi divulgado.
 ********************* 
gleistoned@hotmail.com
(Fonte:  Jornal O Dia 14-15/12/1975, capa e p.8)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Salão Internacional de Humor do Piauí 2011

Começou a ontem (09-05) a festa do humor piauiense, e se estende até o próximo domingo, dia 15. Muita charge, cartum, caricatura...enfim muito humor gráfico!!
Esta é a 28ª edição do Salão Internacional de Humor do Piauí, e o tema deste ano é “A Mulher do 3º Milênio”. O nosso Salão de Humor (diferentemente de muitos outros pelo Brasil e mundo) possui um caratér popular, os desenhos ficam expostos por toda a cidade que respira humor. Veja só, a foto que postei retrata bem isso, um rapaz de bicicleta visita um estand de desenhos. É  um barato!
Além do mais tem outros eventos paralelos: Teresina rock, apresentações do Clube do Choro no coreto da praça Pedro II (que terá ainda o Palco Genu Moraes) com apresentações de corais, orquestras e artistas da MPB, e outro para roda de poesia e performances cênicas.
Quando estava me graduando em História, na monografia abordei sobre a história do humor gráfico em Teresina, qualquer dia desses posto algum trechinho dessa viagem histórica através do riso. Bem como os desenhos que foram expostos nesse Salão (que esse ano não tem mostra competitiva!!)
 Não esqueça, Rir ainda é o melhor remédio!!
*******************
gleistoned@hotmail.com

terça-feira, 12 de abril de 2011

Charge



Desenho do impagável Coelhonetense Jota A,  grande chargista, um dos gênios do humor em traços, de Teresina e do Brasil.

*****************************************************************************   





Impressão de Teresina


fonte: Google imagens
Saio pedalando em Teresina City
Costurando o trânsito animal
Se for pensar muito desiste
Mas é só pra quem é informal

Sol tinindo a pino
Mas desse discurso querem é fazer hino
Como se aqui não houvesse nada mais
É o que se lê nos jornais

Esquecem-se
os homens amnésia
Esquecem do mel
a doçura
do encontro dos rios
ternura
de um povo hospitaleiro
e mesmo que as vezes falte
dinheiro
tem sempre um “cafezim”
e quem sabe um cuscuz e um dedo de prosa.


**************************************

Por Gleison Gomes

**********************************

vez ou outra coloco minha cidade em exaltação, muito embora as críticas sempre venham também (como nesse outro poema que publiquei neste blog - http://gleisongss.blogspot.com/2009/06/sos-molhado_26.html#links )...temos que buscar o lado bom das coisas.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rir ou não rir? Eis a questão!

Estava na empreitada monográfica da UESPI, no ofício de historiador, fazendo as leituras pertinentes a meu objeto de estudo, o humor, quando deparei-me com um texto que tocava num assunto que jamais ouvira falar ou pensar, o riso na Bíblia.

Foi na obra “Uma história cultural do humor” (Record, 2000, 300 p.), onde o historiador  francês Jacques Le Goff traz um artigo bem interessante intitulado “O riso na Idade Média”.

Em suas pesquisas Le Goff deparou-se com idéias que lhe chamaram a atenção, como a obra “Literatura européia e a Idade Média”, de Curtius, a qual fazia referência ao fato de que, sobretudo em círculos eclesiásticos, do começo do cristianismo ao fim da Idade Média, as pessoas perguntavam se Jesus alguma vez rira em sua vida terrena.

Le Goff aponta que ao mesmo tempo, outra idéia circulava por toda a Idade Média, a tese de Aristóteles que diz que o riso é um traço distintivo do homem, o homem cuja característica mais marcante é o riso.
O interessante, que Le Goff aponta, é que em torno do riso, criou-se um caloroso debate, pois se Jesus, o grande modelo para a humanidade não tenha rido uma vez sequer em sua vida humana, então o riso se torna estranho ao homem, pelo menos a um homem cristão. Contudo o historiador não encontrou nenhuma heresia do riso nas visões dos autores eclesiásticos.

Se buscarmos uma visão bíblica, não encontraremos nenhuma referencia direta do tipo “Jesus riu” ou “Jesus sorriu”, como encontramos “Jesus chorou” (Jo 11.35), mas podemos inferir a partir da verificação de sua vida (ele foi 100% homem e 100% Deus) onde chorou, teve fome (Lc 4.2), maravilhou-se (Mt 8.10), enfim, como ser humano tinha as características de homem, partilhava das mesmas sensações corporais, assim é normal que também tenha se alegrado, e também rido.

Outro ponto que nos chama atenção na pesquisa de Le Goff, se refere a existência de tipos de riso, o autor diz

Parece-me que a distinção básica do Velho Testamento continuou a ter peso por longo período, mas em formas novas e renovadas, a saber, a separação entre dois tipos de riso bem diferentes, para os quais o hebraico possui duas palavras bem distintas. A primeira é Sâkhaq, o “riso feliz, desenfreado”, e a outra é lâag, “riso zombeteiro, maligno”. (p.76).

Segundo Le Goff, a primeira palavra deu nome a Isaac (Isaque) que significa “riso”. Assim vemos que o nome de Isaque, filho de Abraão e Sara, denota riso feliz, mas que na história antes de seu nascimento, vê-se um exemplo do riso zombeteiro. O relato bíblico, em Gênesis 17 e 18, nos mostra que Deus anuncia a Abraão que ele seria pai, aos 100 anos de idade e sara aos 90.

Sara, que estava atrás da tenda, ouvia essa conversa, e ao saber que teria um filho na velhice riu da situação (Gn 18. 9-16) e depois quando inquirida de porque riu, negou que houvesse rido, mas logo foi repreendida por mentir.

Uma das referencias bíblicas mais interessantes em relação ao riso feliz, encontra-se no livro dos Salmos, o de número 126. Nele o salmista louva a Deus, pelo livramento do povo que estava cativo, assim

Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham. Então a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua de cânticos. Então se dizia entre as nações: grandes coisas fez o Senhor a estes. Grandes coisas fez o senhor por nós, e, por isso, estamos alegres. Os que semeiam em lágrimas segarão som alegria. (Salmos 126. 1, 2, 3, 5).

Humor e riso é uma questão por demais instigante, como cristãos parece-nos mais útil praticá-lo com decência e certo cuidado, pois as pessoas não são iguais, muitas se irritam facilmente por simples brincadeiras, outras são “bobos da corte em pessoa” tirando “sarro” até de si mesmas sem constrangimento algum.

O certo é que sem humor a vida parece chata, monótona, e uma boa risada ajuda não só a quebrar “climas de gelo”, promovendo entrosamento entre as pessoas, mas também contribui para amenizar os percalços de cada dia.

***************
por: Gleison Gomes

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Viva la revolucion!

É interessante quando ocorre a passagem infância/adolescência, é a fase das mudanças em turbilhão, nesse momento se quer tudo e nada ao mesmo tempo. Mas é também o despertar dos pensamentos que servirão de base a uma vida inteira.

Na nossa juventude elegemos os nossos interesses, hobbies, “heróis”. E, com isso mais ou menos definido, temos a vontade de mudar o mundo. Num curso de história, por exemplo, é bastante comum ver vários indivíduos ostentando camisas, que trazem nas estampas seus “heróis revolucionários”, e destes, Marx e Che Guevara são os preferidos.

A questão da revolução permeia as mentes e os corações. Mas o que é uma revolução? A Astrologia (ciência dos astros) nos diz tratar-se do movimento que um astro realiza ao redor de outro… mas ainda não nos é suficiente, façamos então a mesma pergunta às ciências humanas, então diz aí, o que é revolução? a revolução é uma ruptura, transformação radical da ordem estabelecida, seja ela política, econômica e social. Por conseguinte, a conseqüência de uma revolução é a mudança radical na vida dos povos.

Mudança, esse é o anseio de muitos. E muitas foram as revoluções que ocorreram, quem nunca leu algo ou ouviu falar da francesa, cubana, russa, pois é, mas como elas já são por demais conhecidas, falemos de outra revolução, uma que se iniciou a pouco mais de 2000 anos atrás, por Jesus de Nazaré. Vejamos uma passagem.

Jesus já havia arregimentado os discípulos, pregava o evangelho do reino, e sua fama já corria por toda a Síria e muitos iam a seu encontro levando enfermos, atormentados, lunáticos, enfim, pessoas que sofriam dos mais variados males, com isso uma grande multidão o seguia.

Então, Jesus vendo a multidão, sobe a um monte, senta-se e começa os seus ensinos ao povo e aos discípulos. Essa ocasião é bastante conhecida, foi aí que ocorreu o chamado “Sermão da Montanha”, onde Jesus fala de 9 bem-aventuranças.

A parte que pretendo mostrar para que se veja mais claramente outros aspectos revolucionários, está registrado nos versículos de Mt 5.38-48. 

Nesta parte Jesus cita alguns pontos da lei (que norteavam a sociedade de então), bem rigorosos por sinal, saber: 1 – “Olho por olho dente por dente” (a Lei de Talião), 2 -“amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo”.

Com relação à primeira, Jesus sugere que as pessoas não paguem mal por mal, e demonstra na ocasião de alguém receber um tapa, que oferecesse também a outra face. Muitos ainda hoje criticam tal ação e dizem algo do tipo: “eu não sou besta, vou nada, deixar os outros me bater! que nada!”. O resistir ao mal não significa ser um saco de pancadas ou um sádico, mas sim estar disposto a verdadeiramente oferecer perdão, seja qual for o delito sofrido.

Sobre a segunda, Jesus critica uma espécie de “amor panelinha”, o fato de nossa conveniência e facilidade em demonstrar amor para com nossos amigos em detrimento dos demais, ele nos diz: “Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?”(Mt 5.46).

Agora imaginem tudo isso numa sociedade do olho por olho! uma baita proposta de mudança, uma revolução percebe? Se olharmos a nossa sociedade logo veremos muitos pontos que podem e devem ser transformados, a revolução meche com o que está quieto, o apóstolo Paulo já não propôs “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”(Rm 12.2).

Quando alguém se converte e aceita o sacrifício de Jesus na cruz, abandona o velho homem e suas práticas errôneas, já é nova criatura, eis que tudo se faz novo. Este é mais um exemplo de revolução, é só para mostrar que tem várias em andamento, as misericórdias do Senhor se renovam a cada dia.

É isso aí, e dessa revolução você pode participar como agente revolucionário, pregando o evangelho, ou aceitar os ideais da revolução, recebendo a Cristo como salvador. Eu já aderi, e digo mesmo: viva la revolucion!.
*****************
Por: Gleison Gomes