sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Literatura: livro Madame Bovary (1857) – Gustave Flaubert


Charles Bovary, incentivado por sua mãe, foi iniciado nos estudos aos doze anos de idade. As aulas que tinha eram esparsas, só de vez em quando, dadas pelo padre-cura. Mas como seus pais achavam isso insuficiente, ele foi enviado a um colégio de Ruão, que ficava na altura da feira de Saint-Romain. Ao fim do 3ºano, seus pais o retiraram do colégio, para que estudasse medicina, pois acreditavam que ele poderia chegar sem auxílio ao bacharelato.
Foi morar só, e dedicava-se aos estudos. Isto até certo momento, pois depois relaxou, faltando a algumas aulas e deu-se também a conhecer os prazeres da noite, na taberna. Por isso, no primeiro exame que fez foi reprovado. Mas voltou a dedicar-se e finalmente passou no teste, estava assim autorizado ao exercício da medicina. Depois, Charles foi para Tostes, onde poderia exercer a profissão, visto que lá havia um médico idoso e pensava-se que não demoraria muito a falecer.
A sua mãe, além de tê-lo criado, o fez estudar medicina, sugeriu a cidade para que praticasse a profissão, ainda queria encontrar uma mulher para ele. E não se demorou a providenciar. A escolhida por ela foi a Senhora Héloise Dubuc, de 45 anos de idade, viúva e de bons rendimentos. E com ela Charles casou-se, a fim de conseguir melhor condição de vida, imaginando liberdade e contar com a sua pessoa e seu dinheiro.
Em certa ocasião, Charles teve que ir a fazenda de Bertaux Rouault, pois este estava com um problema, uma fratura na perna. Nessa ocasião o médico acabou conhecendo uma jovem chamada Emma, sobrinha do paciente. Com o sucesso da resolução do problema da perna de Rouault, Charles pôs-se a ir várias vezes a sua casa, ocasião em que aproveitava para ver Emma, por quem acabou se interessando.
Emma foi educada num convento, por Irmãs Ursulinas. De educação primorosa ela sabia dança, geografia, desenho, fazia tapeçaria e tocava piano. Charles em certo período cansou-se e deixou de ir aos Bertaux. A esposa de Charles, que vivia adoentada, acabou recebendo mais um golpe, o seu depositário de fundos fugiu com todo o dinheiro de seu cartório. Depois disso passou-se oito dias, Helóise morreu. Com ela, o médico viveu 14 meses.
Charles voltou a frequentar os Bertaux, isso já não fazia há cinco meses. Depois de muitas conversações, Charles pediu Emma em casamento. O seu tio consentiu o casório e assim foi feito. Agora Emma era a Senhora (Madame) Bovary. O médico vivia radiante de felicidade, o mesmo não acontecia com Emma, que antes de casar achava sentir amor, mas a felicidade não aparecera. E ela procurava saber o que se entendia nesta vida sobre felicidade paixão e êxtase que, nos livros, se mostravam a ela tão belos.
Emma foi se entediando com a monotonia, habitualidades. Chegando mesmo a perguntar: “Oh meu Deus! Mas porque me casei eu?. Não via em Charles, o homem que desejava. Certa feita, uma novidade aconteceu, o casal Bovary foi convidado a visitar a casa do Marquês de Andervilliers, em Vaubyessard, para um baile.
Emma estava encantada com aquele outro mundo, o da riqueza palácio, pessoas distintas, com vestimentas pomposas, ambiente agradável, comida requintada. O seu mundo dos sonhos. A senhora Bovary, mesmo sem saber valsar, dançou com o Visconde. Quando foram de volta a Tostes, por vários dias, Emma continuava a lembra-se daqueles momentos que passara e a lamentar não poder vivê-los continuamente.
Na volta, Emma despediu Nastasie e contratou a jovem Félicité de catorze anos, para os serviços domésticos. Charles estava com a carreira estabelecida. Mas não era o suficiente, Emma queria que o nome Bovary fosse ilustre e estivesse nas prateleiras dos livreiros, nos jornais, conhecido em toda a França. Contudo Charles não ambicionava isso.
Emma abandonou a música. Guardou no armário, deixando de lado, a costura e o desenho. Mudou, agia com extravagância, cheia de caprichos. Continuava a lembra-se saudosamente do baile. Pouco depois ela ficou doente, empalideceu e tinha palpitações. Como ela reclamava da cidade de Tostes, onde moravam, Charles teve a idéia de que se eles fossem embora dali, ela teria melhoras, muito embora isso custasse muito ao médico, porque ali se estabelecera já há quatro anos. Mas como perbera que era uma doença nervosa, a mudança era necessária.
O casal então se mudou no mês de março, para um povoado em Yonville. Quando fizeram essa viagem, Emma estava grávida. Na nova cidade conheceram novas pessoas. Dente elas: Homais - o farmacêutico, Guillaumin – tabelião (advogado), Léon- escriturário de Guillaumin, Bournisien - padre, Justin - ajudante de Homais, Lheureux – comerciante.
Com este último, a senhora Bovary teve muitas afinidades: ambos gostavam de literatura, música, pintura. Quanto à gravidez, Emma desejava ter um menino, mas o seu desejo não foi atendido, teve uma menina, e a chamaram de Berthe. Emma continuava a encontrar-se com Léon, eles tinham até uma associação, trocavam livros e romances. Mas, disso, Charles não se admirava, ele era pouco ciumento.
Emma e Léon pensavam um no outro, estavam apaixonados. Contudo, Léon não tinha coragem de declara-se. Pouco tempo depois, ela mudou, tomou peito do governo da casa, passou a frequentar regularmente a igreja e retirou Berthe da ama de leite. Léon a viu inacessível e abandonou a esperança. Este, cansado de amar sem resultado, decide ir à Paris, para terminar seu curso de direito. Emma esteve triste, mas aos poucos as chamas aplacaram-se. Com a tristeza, ela esteve adoentada novamente, desmaiava, chegando até a escarrar sangue. Charles preocupou-se, mas ela não queria tratamento. Por sugestão da mãe Charles, proibiu-se que ela lê-se romances.
Algum tempo depois, chegou a Yonville Rodolphe Boulanger, que comprou uma herdade próxima dali e trazia um camponês a ser tratado (sangrado) por Charles. Nessa ocasião conheceu a senhora Bovary. Rodolphe tinha 34 anos, muito experiente com mulheres e já saíra dali pensando em como seria seus encontros com a esposa de Charles, que julgava ser (este) pouco para ela, e conjecturava que ela devia ter enjoado dele já há algum tempo.
Emma e Rodolphe caminham juntos, conversavam bastante. Na ocasião, haveria comícios na cidade, e aproveitando os discursos estavam juntos assistindo as solenidades na Câmara. Depois disso, ele a levou até a sua casa. Seis semanas depois Rodolphe apareceu novamente, no dia seguinte ao dos comícios ele pensara ser um erro aparecer tão cedo. Mas decidiu continuar e quando voltou viu que acertara, pois Emma empalideceu em sua presença.
Rodolphe fala a Emma palavras que esta nunca havia ouvido, palavras doces, e que a amava. Numa dessas, ele estava na casa dos Bovary e Charles chegou, como despiste, inventou que Emma comentava da sua doença e que a ela sugeria, para sua melhora, que andasse a cavalo. O médico viu isso com bons olhos, de início Emma recusa, mas pela insistência acaba aceitando. As aulas seriam dadas por Rodolphe. Eis a oportunidade que ele esporava. Durante a cavalgada no bosque, Rodolphe fala a Emma de seu amor, mas a senhora fala da impossibilidade, quis ir embora, mas o homem a pegou pelo pulso, e ela entregou-se. Depois disso, ela pôs-se a pensar: tenho um amante! tenho um amante!
No dia seguinte, fizeram juramentos um ao outro. Passaram a escrever-se um ao outro, todas as noites. Emma passou a frequentar sua casa, sempre que Charles saía de casa, ela corria para Rodolphe. Eram encontros arriscados. O adultério já chegava a seis meses de duração, eles já se encontravam como duas pessoas casadas. Mas em certo momento Emma faltou a três encontros, ela se arrependera!
Percebeu uma ocasião de ver em Charles algo de bom, quando, por sua sugestão, operasse o pé de Hippolyte. Ela o incentivou bastante. O médico fez o procedimento e, em principio, foi bem sucedido, com isso o fato ganhou um artigo feito por Homais, e publicado num jornal. Mas cinco dias depois, Hippolyte teve problemas com a máquina que o médico lhe propora, sofreu dores no membro e por fim gangrena. Outro médico, Doutor Canivet, amputou a perna de Hippolyte. Charles passou dias em casa, envergonhado. Emma e Rodolphe continuam a traição.
Emma pensa que sofre há quatro anos, todo o tempo de seu casamento. Agora trama com Rodolphe uma fuga. Adiaram algumas vezes, mas finalmente marcaram a data. Tudo foi planejado, levariam sua filha Berthe. Despedem-se na véspera. Mas Rodolphe se arrepende de combinar a fuga, e enquanto olha cartas de outras mulheres, ele escreve uma a Emma, justificando a desistência e dizendo que iria embora.
Com isso, a senhora Bovary ficou abalada e quase se suicidou, jogando-se do sótão. Mas, antes que caísse, Charles a chamou. Ela teve um desmaio, quando reconheceu Rodolphe que passou rapidamente na rua, ele teve que passar por ali para ir à Ruão. Quando Emma acordou ficou se perguntando pela carta. Durante 43 dias, Charles cuidou dela, inclusive chamou outros médicos. Ela não falava, estava abatida. Em certo momento melhorou, e novamente piorou. Mais um agravante, Charles tinha problemas financeiros. Com certo restabelecimento de Emma, foram ver uma peça teatral. Nessa ocasião encontraram Léon. Saíram da peça antes do final, e conversaram os três. Surge a proposta de que Emma ficasse ali para ver novamente a peça.
Emma agora tinha encontros com Léon. Quando Emma retornou a Yonville, havia a notícia da morte do pai de Charles. Uma situação lhe dava oportunidade de ir a Ruão, ter com Léon, a fim de resolver questões relativas a letras, contas com Lheureux. Era a lua- de- mel com Léon. A senhora Bovary insinua ao marido estar “enferrujada” quanto à música, e propõe ter aulas de piano, eis o pretexto de ir uma vez por semana à Ruão, ver Léon. Eles encontravam-se toda quinta, num hotel.
Contudo, numa dessas, o Senhor Lheureux os viu saindo do hotel de braços dados. Ela apavorou-se. O homem pediu dinheiro, bens. Ela teve que vender uma propriedade. Houve certa confusão. Mas continuavam os encontros. Emma estava extravagante, uma vez nem voltou para casa. Charles foi atrás dela e achou-a. Uma carta anônima chegou à mãe de Léon, alertando que este se envolvia com mulher comprometida. O patrão de Léon aconselhou-o a sai desse “caso”.
Uma vez que ela voltou para casa, havia uma sentença. Teria que pagar 8 mil francos em 24 horas. Gastara demais, e renegociou dívidas que foram crescendo em longo prazo. Ela estava agora nas mãos do comerciante Lheureux. Três homens vieram executar a penhora. Surgiu o anúncio público, dizendo que todo o mobiliário da casa estava à venda. Viu-se aperreada por tentar conseguir a quantia. Visitou o doutor Guillaumin, depois foi atrás de Rodolphe, já fazia três anos que este a evitava. Ambos negaram ajuda, mesmo porque não tinham a quantia.
A senhora Bovary vê-se em apuros. Então sobe, na farmácia, até a sala chamada “Cafarnaum”, mesmo a contragosto de Justin (ajudante do farmacêutico). Lá, ela dizia que precisava matar ratos, e comeu um pó branco, de um frasco azul. Emma chegou em casa, onde Charles pediu explicações. Escreveu-lhe, então, uma carta, a ser lida no dia seguinte e disse para ele não lhe perguntar mais nada. Emma vomitou muitas vezes, teve gemidos e convulsões. Havia ingerido arsênico. Depois vomitou sangue. Ainda veio o professor Laviriére, um grande médico filósofo de respaldo. Não foi suficiente, Emma deixara de existir.
A não causar transtornos à sociedade, disseram que ela “tomara arsênico confundindo com açúcar”. Daí em diante os preparativos para o enterro. Veio a mãe de Charles e depois o tio de Emma, Rouault. Após o enterro viu-se que Rodolphe e Léon, que foram seus amantes, dormiam, mas não Justin, que chorava na sua sepultura.
Charles continuava a ter problema de dinheiro. As contas continuavam a chegar. A empregada (Félicité) foi embora com Theodore. A viúva Dupuis, avisou a Charles sobre o casamento de seu filho Léon. Numa dessas Charles vai ao sótão, e encontra a carta que Rodolphe escrevera a Emma (na ocasião se desculpando por não fugir com ela). Achou estranho um R, que viu na segunda página, lembrou-se de Rodolphe e do seu repentino desaparecimento, mas pensou ter sido um amor platônico, e o ciúme perdeu-se na imensidão da sua dor.
Enquanto isso, a casa dos Bovary recebia cada vez menos visitas. Justin fugiu para Ruão. O Senhor Homais, via-se em discussão com um cego que o difamava por tê-lo prometido cura e ter falhado. Tratou de escrever artigos, criticando os vagabundos. Por fim conseguiu que o cego fosse internado como louco num hospício. Homais queria títulos, pendeu para o poder, fez coisas para o prefeito nas eleições, deixou-se corromper. Charles abriu um compartimento na escrivaninha, encontrou as cartas de Léon à Emma, leu todas. Revirou tudo, encontrou uma caixa, a arrombou e encontrou as cartas e o retrato de Rodolphe.
Charles não mais saía de casa, não recebia ninguém, se recusava a receber os doentes. Cultivava barba comprida, cobria-se com farrapos e chorava alto. Certo dia ele encontrou Rodolphe, foram beber cerveja num botequim, Bovary disse a Rodolphe: “já não lhe desejo mal! Foi culpa da fatalidade!”. No dia seguinte, Charles foi sentar-se no banco, e às sete horas sua filha Berthe foi chamá-lo para jantar (ela não o vira desde a tarde). Ele estava morto.
Trinta e seis horas depois fizeram a autópsia em Charles, não encontraram nada. Vendeu-se tudo, o que restou foram 12 francos e 75 cêntimos, suficientes apenas para pagar a viagem de Berthe à casa da avó. Esta morreu no mesmo ano, e o avô Rouault estava paralítico. Uma tia se encarregou de tomar conta dela, mas como era pobre, manda a pequena trabalhar numa fábrica de fiação para ganhar a vida.
Após a morte de Charles Bovary, três médicos passaram por Yonville, mas não puderam ficar lá, devidos os ataques que sofriam da parte de Homais. Pois as autoridades o tratam com deferência, respeito, e a opinião pública o protege. Ele acaba de receber a Legião da Honra.

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Uma bela obra. Fiz esse resumo para atender um pedido: especial de uma pessoa mais-que-especial! espero ter ajudado. E o post aqui pode também ajudar alguém, quem sabe futuramente que precise do bendito resumo...só não esqueça de citar a fonte rs...e o mais importante: ler o livro! valews