“De repente, não mais que de repente”.
Eis um trecho do belo “soneto de separação”, de autoria de Vinicius de Morais. Nele, Vinicius aborda de forma magistral a questão da mudança repentina causada pelo rompimento, distanciamento, separação.
Trago o trecho a esta postagem, aproveitando-me da maleabilidade de nossa língua, com suas mil possibilidades e cacofonias. O fato é que em mais um de meus passeios pelo centro da Verdecap, deparei-me com outra amostra de artistas que sobrevivem à custa de apresentações ao vivo e em cores, geralmente a base do humor.
Desta feita, as figuras eram trovadores, repentistas, daí a evocação do soneto Viniciano. A arte destes anônimos baseia-se no improviso, na rima, combinação e, antes de tudo, prima pela imaginação.
Aos ex-transeuntes, isto mesmo, transeuntes não são mais, pois estáticos estão em volta do espetáculo estão a gargalhar, comentar e quem sabe recompensar, com alguns trocados, o artista, cabe a mudança de semblante, aqui, diferente do início do soneto de Vinicius (“De repente do riso fez-se o pranto”) inverte-se a ordem pois o pranto, a cara feia, as problemáticas tornam-se em riso, mulecagem, desprendimento.
E o melhor, isso sim igual ao soneto, de uma hora para outra... quer dizer... De repente, não mais que de repente.
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foto: de nossa autoria.
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