quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Repentinamente...repente na mente


“De repente, não mais que de repente”.

Eis um trecho do belo “soneto de separação”, de autoria de Vinicius de Morais. Nele, Vinicius aborda de forma magistral a questão da mudança repentina causada pelo rompimento, distanciamento, separação.

Trago o trecho a esta postagem, aproveitando-me da maleabilidade de nossa língua, com suas mil possibilidades e cacofonias. O fato é que em mais um de meus passeios pelo centro da Verdecap, deparei-me com outra amostra de artistas que sobrevivem à custa de apresentações ao vivo e em cores, geralmente a base do humor.

Desta feita, as figuras eram trovadores, repentistas, daí a evocação do soneto Viniciano. A arte destes anônimos baseia-se no improviso, na rima, combinação e, antes de tudo, prima pela imaginação.

Aos ex-transeuntes, isto mesmo, transeuntes não são mais, pois estáticos estão em volta do espetáculo estão a gargalhar, comentar e quem sabe recompensar, com alguns trocados, o artista, cabe a mudança de semblante, aqui, diferente do início do soneto de Vinicius (“De repente do riso fez-se o pranto”) inverte-se a ordem pois o pranto, a cara feia, as problemáticas tornam-se em riso, mulecagem, desprendimento.

E o melhor, isso sim igual ao soneto, de uma hora para outra... quer dizer... De repente, não mais que de repente.

**********************
foto: de nossa autoria.

Nenhum comentário: