segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rir ou não rir? Eis a questão!

Estava na empreitada monográfica da UESPI, no ofício de historiador, fazendo as leituras pertinentes a meu objeto de estudo, o humor, quando deparei-me com um texto que tocava num assunto que jamais ouvira falar ou pensar, o riso na Bíblia.

Foi na obra “Uma história cultural do humor” (Record, 2000, 300 p.), onde o historiador  francês Jacques Le Goff traz um artigo bem interessante intitulado “O riso na Idade Média”.

Em suas pesquisas Le Goff deparou-se com idéias que lhe chamaram a atenção, como a obra “Literatura européia e a Idade Média”, de Curtius, a qual fazia referência ao fato de que, sobretudo em círculos eclesiásticos, do começo do cristianismo ao fim da Idade Média, as pessoas perguntavam se Jesus alguma vez rira em sua vida terrena.

Le Goff aponta que ao mesmo tempo, outra idéia circulava por toda a Idade Média, a tese de Aristóteles que diz que o riso é um traço distintivo do homem, o homem cuja característica mais marcante é o riso.
O interessante, que Le Goff aponta, é que em torno do riso, criou-se um caloroso debate, pois se Jesus, o grande modelo para a humanidade não tenha rido uma vez sequer em sua vida humana, então o riso se torna estranho ao homem, pelo menos a um homem cristão. Contudo o historiador não encontrou nenhuma heresia do riso nas visões dos autores eclesiásticos.

Se buscarmos uma visão bíblica, não encontraremos nenhuma referencia direta do tipo “Jesus riu” ou “Jesus sorriu”, como encontramos “Jesus chorou” (Jo 11.35), mas podemos inferir a partir da verificação de sua vida (ele foi 100% homem e 100% Deus) onde chorou, teve fome (Lc 4.2), maravilhou-se (Mt 8.10), enfim, como ser humano tinha as características de homem, partilhava das mesmas sensações corporais, assim é normal que também tenha se alegrado, e também rido.

Outro ponto que nos chama atenção na pesquisa de Le Goff, se refere a existência de tipos de riso, o autor diz

Parece-me que a distinção básica do Velho Testamento continuou a ter peso por longo período, mas em formas novas e renovadas, a saber, a separação entre dois tipos de riso bem diferentes, para os quais o hebraico possui duas palavras bem distintas. A primeira é Sâkhaq, o “riso feliz, desenfreado”, e a outra é lâag, “riso zombeteiro, maligno”. (p.76).

Segundo Le Goff, a primeira palavra deu nome a Isaac (Isaque) que significa “riso”. Assim vemos que o nome de Isaque, filho de Abraão e Sara, denota riso feliz, mas que na história antes de seu nascimento, vê-se um exemplo do riso zombeteiro. O relato bíblico, em Gênesis 17 e 18, nos mostra que Deus anuncia a Abraão que ele seria pai, aos 100 anos de idade e sara aos 90.

Sara, que estava atrás da tenda, ouvia essa conversa, e ao saber que teria um filho na velhice riu da situação (Gn 18. 9-16) e depois quando inquirida de porque riu, negou que houvesse rido, mas logo foi repreendida por mentir.

Uma das referencias bíblicas mais interessantes em relação ao riso feliz, encontra-se no livro dos Salmos, o de número 126. Nele o salmista louva a Deus, pelo livramento do povo que estava cativo, assim

Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham. Então a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua de cânticos. Então se dizia entre as nações: grandes coisas fez o Senhor a estes. Grandes coisas fez o senhor por nós, e, por isso, estamos alegres. Os que semeiam em lágrimas segarão som alegria. (Salmos 126. 1, 2, 3, 5).

Humor e riso é uma questão por demais instigante, como cristãos parece-nos mais útil praticá-lo com decência e certo cuidado, pois as pessoas não são iguais, muitas se irritam facilmente por simples brincadeiras, outras são “bobos da corte em pessoa” tirando “sarro” até de si mesmas sem constrangimento algum.

O certo é que sem humor a vida parece chata, monótona, e uma boa risada ajuda não só a quebrar “climas de gelo”, promovendo entrosamento entre as pessoas, mas também contribui para amenizar os percalços de cada dia.

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por: Gleison Gomes

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Viva la revolucion!

É interessante quando ocorre a passagem infância/adolescência, é a fase das mudanças em turbilhão, nesse momento se quer tudo e nada ao mesmo tempo. Mas é também o despertar dos pensamentos que servirão de base a uma vida inteira.

Na nossa juventude elegemos os nossos interesses, hobbies, “heróis”. E, com isso mais ou menos definido, temos a vontade de mudar o mundo. Num curso de história, por exemplo, é bastante comum ver vários indivíduos ostentando camisas, que trazem nas estampas seus “heróis revolucionários”, e destes, Marx e Che Guevara são os preferidos.

A questão da revolução permeia as mentes e os corações. Mas o que é uma revolução? A Astrologia (ciência dos astros) nos diz tratar-se do movimento que um astro realiza ao redor de outro… mas ainda não nos é suficiente, façamos então a mesma pergunta às ciências humanas, então diz aí, o que é revolução? a revolução é uma ruptura, transformação radical da ordem estabelecida, seja ela política, econômica e social. Por conseguinte, a conseqüência de uma revolução é a mudança radical na vida dos povos.

Mudança, esse é o anseio de muitos. E muitas foram as revoluções que ocorreram, quem nunca leu algo ou ouviu falar da francesa, cubana, russa, pois é, mas como elas já são por demais conhecidas, falemos de outra revolução, uma que se iniciou a pouco mais de 2000 anos atrás, por Jesus de Nazaré. Vejamos uma passagem.

Jesus já havia arregimentado os discípulos, pregava o evangelho do reino, e sua fama já corria por toda a Síria e muitos iam a seu encontro levando enfermos, atormentados, lunáticos, enfim, pessoas que sofriam dos mais variados males, com isso uma grande multidão o seguia.

Então, Jesus vendo a multidão, sobe a um monte, senta-se e começa os seus ensinos ao povo e aos discípulos. Essa ocasião é bastante conhecida, foi aí que ocorreu o chamado “Sermão da Montanha”, onde Jesus fala de 9 bem-aventuranças.

A parte que pretendo mostrar para que se veja mais claramente outros aspectos revolucionários, está registrado nos versículos de Mt 5.38-48. 

Nesta parte Jesus cita alguns pontos da lei (que norteavam a sociedade de então), bem rigorosos por sinal, saber: 1 – “Olho por olho dente por dente” (a Lei de Talião), 2 -“amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo”.

Com relação à primeira, Jesus sugere que as pessoas não paguem mal por mal, e demonstra na ocasião de alguém receber um tapa, que oferecesse também a outra face. Muitos ainda hoje criticam tal ação e dizem algo do tipo: “eu não sou besta, vou nada, deixar os outros me bater! que nada!”. O resistir ao mal não significa ser um saco de pancadas ou um sádico, mas sim estar disposto a verdadeiramente oferecer perdão, seja qual for o delito sofrido.

Sobre a segunda, Jesus critica uma espécie de “amor panelinha”, o fato de nossa conveniência e facilidade em demonstrar amor para com nossos amigos em detrimento dos demais, ele nos diz: “Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?”(Mt 5.46).

Agora imaginem tudo isso numa sociedade do olho por olho! uma baita proposta de mudança, uma revolução percebe? Se olharmos a nossa sociedade logo veremos muitos pontos que podem e devem ser transformados, a revolução meche com o que está quieto, o apóstolo Paulo já não propôs “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”(Rm 12.2).

Quando alguém se converte e aceita o sacrifício de Jesus na cruz, abandona o velho homem e suas práticas errôneas, já é nova criatura, eis que tudo se faz novo. Este é mais um exemplo de revolução, é só para mostrar que tem várias em andamento, as misericórdias do Senhor se renovam a cada dia.

É isso aí, e dessa revolução você pode participar como agente revolucionário, pregando o evangelho, ou aceitar os ideais da revolução, recebendo a Cristo como salvador. Eu já aderi, e digo mesmo: viva la revolucion!.
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Por: Gleison Gomes